Atendimento a pacientes especiais em debate no CRO-MT

Além de palestras sobre o tema, o Conselho Regional de Odontologia sediou o lançamento do Prêmio Troféu Ricardo Iglesias, que vai homenagear profissionais que desenvolvem trabalhos comunitários voltados a pacientes especiais em países da Américas Latina.

Cirurgiões-dentistas e estudantes participaram de uma tarde de imersão, no Conselho Regional de Odontologia (CRO-MT), para discutir e aprender sobre atendimento a pacientes especiais, no último dia 25 de maio. Durante toda a tarde, os professores Viviane Pereira e Roberto Elias, ambos do Rio de Janeiro (RJ) falaram sobre o tema.

“O paciente especial não precisa de um dentista especialista em uma área específica, mas de um generalista preparado para atender as suas necessidades”, garantiu Viviane Pereira, logo na abertura de sua palestra. Para isso, pontua, é preciso que seja feita uma anamnese profunda. “Se o paciente tem intolerância a lactose, dislexia, paralisia cerebral, o que determina o tratamento é a anamnese, o diagnóstico, para saber como abordar e tratar. A primeira coisa que temos que pensar é o perfil do paciente, se ele está entendendo o tratamento, se eu o estou entendo. É preciso enxergar, além do estereótipo”, ensina.

Viviane Pereira destaca ainda que os pacientes especiais têm direito a uma saúde bucal plena, com direito de acesso a todas as especialidades. Segundo ela, o tratamento tem evoluído para uma experiência cada vez mais humanizada. “Nunca fomos incentivados em uma sociedade que os aceitasse. Precisamos condicionar nossos alunos (de Odontologia) e compreenderem que eles são capazes de atender pacientes especiais”.

O Brasil tem, conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016, 45,6 milhões de pessoas – de um total de 190 milhões de habitantes - com necessidades especiais em todas as suas manifestações. “Esses números dizem respeito a 23,9% da população brasileira”, destaca o professor Roberto Elias. No entanto, em todo o Brasil  existem apenas 15 pós-graduações focadas na formação de profissionais para atender pacientes especiais.

“Por definição, paciente especial é todo indivíduo que apresenta padrões de desvio de normalidade, identificados ou não e que, por isso, necessitam de atenção e de uma abordagem especial por um período de sua vida, ou indefinidamente”, explica Elias. 

Apresentação – Entre as duas palestras, alunos da APAE Cuiabá fizeram uma apresentação, que emocionou os participantes. A APAE também montou uma exposição com telas e brinquedos pedagógicos produzidos pelos alunos. 

Solenidade – Após as palestras, a Academia Interamericana de Odontologia para Pacientes Especiais (AIOPE), a Associação Mato-grossense de Odontologia para Pacientes Especiais (AMOPE) e o Instituto Iglesias apresentaram o Prêmio Troféu Prêmio Ricardo Iglesias.

O Prêmio, do qual participarão representantes de 20 países da America Latina, foi instituído em outubro de 2016 em reunião ordinária da AIOPE, Academia Interamericana de Odontologia para Pacientes Especiais, na cidade de Mendoza – Argentina. Na oportunidade, por unanimidade, foi escolhido o nome do cuiabano Ricardo Iglesias para dar nome aoprêmio.

“A AIOPE foi fundada em 2015 com o propósito de reunir notário saber em odontologia para pacientes especiais para difundir a especialidade e promover ações comunitárias em todas as Américas. Essa será a primeira vez que todos os profissionais serão agraciados com essa homenagem”, explica Roberto Elias, que é presidente da Associação Interamericana. O prêmio será entregue aos primeiros agraciados no mês de setembro, em Natal (RN), durante o Congresso da Associação Latino Americana de Odontologia para Pacientes Especiais (ALOPE) e será oferecido a cada dois anos aos profissionais que t&ecir c;m trabalhos comunitários voltados a pessoas com necessidades especiais, sempre quando acontecer os congresso da ALOPE.

“O nome (de Ricardo Iglesias) surge porque ele é a mola mestre da Academia. Ele representa a inclusão, a sensibilidade e a inocência. E esses são qualidades embutidas em Ricardo. Esse é um projeto da Academia para os próximos 100 anos”, conta emocionado o presidente da AIOPE, Roberto Elias.

Elias destaca que a maior importância do prêmio será a difusão da Academia e sua filosofia de inclusão. Ele conta que a AIOPE já desenvolveu ações comunitárias voltadas ao atendimento de pacientes especiais no interior do Peru e da Argentina. A Academia não tem fins lucrativos, e todo o trabalho é desenvolvido de forma voluntária.

Prêmio – No lançamento do prêmio, além e da apresentação do troféu, foram agraciados com homenagens vários profissionais de Mato Grosso, de diferentes especialidades – entre médicos e dentistas que, ao longo da vida, atenderam Ricardo Iglesias.

Ricardo Iglesias nasceu em 20 de maio de 1962, em Cuiabá, filho de Domingos Iglesias Valério e Norma Ruth Boehler Iglesias. Com o seu nascimento e o diagnóstico de Síndrome de Down, os pais decidiram fundar e implantar a APAE de Cuiabá – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.

Os pais de Ricardo também foram os responsáveis por incentivarem estudos e pesquisas na área de educação especial em Mato Grosso, implantando assim a inclusão de alunos especiais em escolas públicas do Estado, onde, em uma delas, ele foi alfabetizado.

Domingos Iglesias e Norma Ruth também incentivaram os movimentos de Defesa dos Direitos dos Portadores de Deficiências em Mato Grosso e no Brasil no processo de garantia dos Direitos na Constituição da República Federativa do Brasil, na Constituição de Mato Grosso e na Lei Orgânica do Município de Cuiabá e Estatuto da Criança e do Adolescente e Estatuto da Pessoa Deficiente e também da implantação do CAOPE – Centro de Assistência Odontológica, em Cuiabá.

“O nascimento de pessoas especiais, como Ricardo Iglesias, tem o potencial de gerar grande transformações, como de fato ocorreu, impactando não apenas em seu núcleo familiar, mas em toda a sociedade. É uma alegria estarmos aqui participando desse momento” afirmou o presidente do CRO, Luiz Evaristo Ricci Volpato.

“Ricardo me incentivou como cirurgiã-dentista e a formar a Associação, que há 29 anos está em efetivo funcionamento. Há 25 anos Ricardo Iglesias participa de eventos e conclaves científicos nacionais e internacionais. Nesse momento (de lançamento do prêmio) queremos homenagear os profissionais que ajudaram na saúde do Ricardo”, disse emocionada, Norma Iglesias, fundadora e presidente da Associação Mato-grossense de Odontologia para pacientes especiais e acadêmica da AIOPE.

Foram entregues homenagens a profissionais de diversas especialidades, como cardiologia, psiquiatria, pediatria, nutrição, odontologia entre outros, que, ao longo dos 55 anos de Ricardo Iglesias contribuíram para sua saúde e desenvolvimento.

ZF PRESS - Assessoria de Imprensa CRO-MT